O Avaí Futebol Clube recebeu no dia 5 de janeiro uma visita especial. Edma Horn de Andrade, Eli Maria Horn e Tânia Regina Horn de Andrade, da família do fundador do Avaí, Sr. Amadeu Horn, estiveram na Ressacada, oportunidade em que foram recebidas pelo presidente Júlio César Heerdt, e por Spyros Apóstolo Diamantaras, pesquisador e historiador oficial do Clube. A família de Horn fez a doação de uma imagem de Amadeu Horn para o Clube. O retrato fará parte do acervo do Memorial.
“É uma felicidade grande receber a família do fundador do clube. Da muita energia para começar a trabalhar e nos remete à importância do centenário que está por vir. A imagem é muito importante para o Nosso Memorial” disse Júlio César Heerdt, Presidente do Avaí.
“A ideia é que a foto fique num lugar de destaque, no Memorial, para que todos os Avaianos e visitantes possam conhecer Amadeu”, destacou Spyros Apóstolo Diamantaras.
CONHEÇA AMARDEU HORN
Poucos são os registros sobre a trajetória de vida de Amadeu Francisco Adolpho Otto Horn. Sabe-se que nasceu no Rio de Janeiro e que, até o fim de 1922, residia no Estreito, então município de São José, quando se mudou para a Agronômica, em Florianópolis. Embora algumas fontes o apontem como boticário, profissão exercida por seu avô (Eduardo Amadeos Adolfo Horn) e seu tio (Raulino Horn), o que se sabe é que Amadeu era comerciante, sócio minoritário de seu irmão, Eduardo, numa casa exportadora na Rua João Pinto, nº10. Conhece-se um pouco de sua genealogia: seu avô era Eduardo Amadeos Adolfo Horn, boticário nascido na Prússia, em 1799. Ao imigrar para o Brasil, participou do batalhão de granadeiros composto por alemães na guerra do Brasil contra os Estados republicanos do Prata, cuja paz se efetuou em 1828. Instalado em Florianópolis, então Nossa Senhora do Desterro, abriu aqui a sua botica, tendo como clientela médicos como João Ribeiro d´Almeida e Henrique Schutel, que o introduziram nas redes de sociabilidade locais. Em 1864 foi candidato a vereador e faleceu em 27 de Agosto de 1866. Teve, no mínimo, dois filhos, Luiz Eduardo Otto Horn e Raulino Julio Adolfo Horn. Luiz Eduardo se casou com Francisca Carolina Formiga Horn (Chiquinha Horn, que mudou seu nome para Francisca Dias Horn) e teve cinco filhos, Amadeu Otto Horn (fundador do Avaí e pai de seis filhos, quatro homens e duas mulheres), Eduardo Otto Horn (sem descendência), Natalião Otto Horn (que faleceu ainda jovem e solteiro), Auta Horn (que teve dois filhos, um homem e uma mulher) e Natalina Otto Horn (que teve seis filhos, quatro meninas e outras duas crianças que faleceram).
Sabe-se que o irmão de Amadeu, Eduardo, foi presidente durante muitos anos da Junta Comercial do Estado, assim como foi um próspero comerciante dono de uma casa de importação e exportação com matriz em Florianópolis e filial em Laguna. Fez carreira política e era Deputado Estadual (1922-1924) quando o irmão fundou o Avaí. Conhece-se também a trajetória do tio de Amadeu, Raulino Júlio Adolfo Horn, nascido em 1849, em Laguna. Raulino era formado em Farmácia pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, cidade onde entrou em contato com os ideais republicanos ao conviver ao lado de Quintino Bocaiúva, Saldanha Marinho e outros decanos do republicanismo brasileiro. Raulino esteve entre aqueles que fundaram, em Santa Catarina, em plena Monarquia, o Partido Republicano e pleiteou uma cadeira à Assembleia Geral do Império. Antes da Proclamação, falar em República era contestar o poder e evocar certas liberdades. Para a classe política, República significava autonomia, livrar-se de um poder central. Raulino Horn foi também presidente do Clube Republicano de Desterro, foi fundador e presidente do Clube Abolicionista da ilha, foi um dos três membros da Junta Governativa catarinense de 1889, foi o primeiro vice-governador do Estado (era vice de Lauro Müller), Senador da República por Santa Catarina (1890 a 1899) e três vezes Deputado Estadual (de 1919 a 1927).
A casa de Amadeu Horn, na Rua Frei Caneca, nº93 (atual nº426), onde o Avaí foi fundado, não resistiu à especulação imobiliária e foi demolida nos anos 80, dando lugar ao Edifício Frei Caneca. Desde a década de 1920 a propriedade já não pertencia aos Horn, tendo sido adquirida por João Miroski, torcedor e dirigente do Figueirense. A família Horn foi morar num casarão na Rua Bocaiúva, próximo à esquina com a Av. Tromposki, sendo vizinhos de Joel Souza. Lá permaneceram até o falecimento de Cândida Arêas Horn. Tal casarão também já foi demolido. Amadeu Horn faleceu no dia 4/2/1937, aos 51 anos, vítima de câncer no estômago.
*Texto extraído do almanaque 90 anos do Avaí F.C. / Felipe Matos, do Memória Avaiana.