O encontro agora foi no campo de jogo. Na tarde desta quarta-feira (5), o técnico Geninho, 55 anos de bola (jogador e técnico), ex-campeão brasileiro, dois acessos à Série A e um título de campeão estadual pelo Leão da Ilha, recebeu um fã especial, o conselheiro e bacharel em Educação Física pela Unisul, Augusto Delfino, 25 anos. O maior sonho de Guto é ser técnico de futebol, já teve experiências com o futebol não profissional, mas quer ir mais longe e nada mais importante do que as lições de Geninho.
A visita tinha sido prometida a partir do encontro dos dois no programa Clube da Bola, da RIC Record, uma iniciativa do jornalista Clayton Ramos, há duas semanas. Na oportunidade, o técnico Geninho convidou Guto Delfino para visitar o ambiente de treino da equipe, no Centro de Treinamento ao lado da Ressacada. No fim de semana, mais um contato, quando Guto mandou uma mensagem de incentivo ao técnico para o jogo contra o Internacional.
A mensagem foi encaminhada como Carta para Geninho: “Sei que estamos passando por um momento muito difícil no Campeonato Brasileiro, mas sei que você é capaz de mudar o panorama e com certeza vai recuperar o Avaí. Você é experiente o bastante para reverter esse quadro. Não deixe que as críticas interrompam o seu trabalho competente frente ao Avaí, um trabalho de um ano e um mês grandioso com título e acesso à Série A. Geninho, o Avaí precisa de você e você é um treinador vencedor, você tem toda a condição de reerguer o Avaí”.
O técnico Geninho respondeu na segunda-feira: “Guto, fiquei muito feliz em receber a sua carta, obrigado pela consideração.
Realmente o momento do Avaí é complicado, porém, faz parte do futebol, bons e maus momentos. Estamos trabalhando muito para que venha a primeira vitória, continue torcendo e nos passando essa sua força positiva”.
Nesta quarta-feira (5), Guto chegou ao CFA por volta de 15h30min, acompanhado do seu fiel escudeiro, o pai Marcos Antônio Delfino. Foi levado à beira do gramado, onde acompanhou boa parte do treinamento de finalização. Observou com atenção todos os movimentos. Em seguida, Geninho veio ao seu encontro. Uma saudação carinhosa e o papo rolou até o final da movimentação. Muitas trocas de olhares e sinais. Guto ouviu tudo com muita atenção, afinal, são ensinamentos valiosos que estarão, com certeza, presentes em suas próximas ações. Foi uma tarde inesquecível para todos.
Augusto Delfino venceu 25 anos de vida com paralisia cerebral. Ele queria ser atleta, mas no parto, teve uma parada respiratória. O resultado afetou a fala e os movimentos, mas sua parte cognitiva totalmente preservada. As limitações não o impediram de se formar bacharel em Educação Física, escrever um Blog desde 2009 e dar palestras. Já dirigiu até equipes do futebol não profissional, uma experiência valiosa para quem ama este esporte. Um belo exemplo para todos sua força de vontade, garra e determinação. Aprender a ler e escrever e se comunica por meio eletrônico, pelo computador. Bastante atuante nas redes sociais. Uma alegria para os atletas que o viram no Centro de Treinamento, ao lado do gramado e o cumprimentaram na saída do treino.
O Avaí foi foco do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) do conselheiro, resultado de cinco anos de estudo. O tema foi sobre Qualidade dos Serviços prestados no Estádio da Ressacada, orientado pelo professor Rafael Andreis e teve como banca a professora Maria Letícia Knorr, coordenadora do Curso de Educação Física e a professora Fabiana Figueiredo.
A conquista de Augusto Delfino é um exemplo de superação para todos, uma vez que ele é portador de paralisia cerebral. Poderia ser um fator para limitar suas atividades, mas com o apoio de todos, principalmente dos companheiros inseparáveis, que são seus pais Rute e Marcos Antônio, ele conseguiu realizar o sonho de cursar Bacharelado em Educação Física, o primeiro paralisado cerebral a colar grau em Bacharelado em Educação Física do Brasil.